segunda-feira, junho 28, 2010

A difícil arte da fé



A difícil arte da fé
© Letícia Thompson

Ter fé é banir da vida o "e se?" e caminhar com a cabeça erguida, sem olhar para trás e nem para os lados; é ter a convicção de que aconteça o que acontecer, o objetivo será atingido.

Há quem pense que ter fé é se jogar num buraco escuro, sem saber o que o espera embaixo; mas é exatamente o contrário. Quem tem fé se joga no buraco escuro sim, mas ele sabe, através dos olhos espirituais, o que o espera e não duvida disso; ele constrói sua arca com a certeza que a chuva virá; ele abre os olhos para a promessa e fecha os ouvidos para os que tentam fazê-lo desistir com dúvidas; ele anda sobre as águas e sente terra firme sob os pés; ele vê saídas e continua a caminhar onde outros desistiram.

Temos fé quando temos a certeza absoluta que não estamos sós. Sabemos que uma Mão nos guia, Braços nos esperam e isso nos reconforta.

Perdemos bênçãos por que no meio do caminho, principalmente se este for longo, começamos a questionar. Mas não é fácil pra ninguém manter-se em posição de fé quando tudo parece contrário ao que se espera.

As pessoas mais próximas de Jesus duvidaram. Pedro começou a afundar ao andar sobre as águas, os discípulos todos entraram em pânico por causa de uma tempestade, mesmo sabendo o Mestre do lado e Tomé quis tocar a ferida com as próprias mãos.

Somos assim, nós, incrédulos, porque somos por demais materialistas. Fôssemos mais espirituais e nossa vida seria diferente. Quem só acredita naquilo que vê, só experimenta daquilo que vê; quem acredita em Deus, experimenta a diversidade de bênçãos que Deus coloca a nossa disposição.

A fé é um exercício diário de confiança em Deus e é o resultado da convivência com Ele. Só que Deus não é um Deus que se impõe. A nós cabe a busca.

Quem já tem fé planta em desertos e vê campos floridos.

Quem não tem, peça que Deus dá com alegria.


sexta-feira, junho 25, 2010

Aprenda a pedir desculpas



Aprenda a pedir desculpas
(Margaret Pelicano)

Aprenda a pedir desculpas... Quando não... Perdão!

Uma linda amiga, minha mana Teca, disse-me certa vez que perdoar é para os grandes! Senti-me tão pequena, então!

Não riam, falo sério. Agora desculpar é mais fácil. Minha santa avó adotiva, porque não era de minha família, mas eu a amava como se fosse, disse certa vez; Perdoar? Só Deus! Eu desculpo!

A desculpa não evita a mágoa, mas faz um bom curativo no machucado...

Há pessoas que magoam as outras e não conseguem pedir desculpas nunca. Percebem o erro, mas não conseguem exteriorizar o arrependimento. Ficam dóceis, suaves, mas a palavrinha mágica... Essa não sai. O magoado vai se afastando, afastando e aquele lindo relacionamento se perde... Acaba!

Aprendamos pois a pedir desculpas e a desculpar. É em prol de uma amizade... E ter amigos verdadeiros, vale a pena. Se o opositor não quiser desculpar... Problema dele. Você cumpriu a sua parte no acordo de Paz da humanidade! E depois, desculpar; desculpar-se - sim - porque você pode desculpar a você mesmo por agressões que você faz a si próprio; e ser desculpado, vai revelar que você é uma pessoa humilde. E como humildade não é humilhação, estaremos todos atuando no coração e no inconsciente coletivo. Estaremos de bem com a vida. Quer algo melhor?


quinta-feira, junho 24, 2010

Como melhorar sua auto estima



Como Melhorar a Auto Estima
Fonte: www.sabido.com.br

1. Transforme os lamentos em decisões. Deixe a atitude passiva de lado e assuma para si a responsabilidade de promover mudanças.

2. Escolha objetivos possíveis, mesmo que você tenha que conquistá-los pouco a pouco. Metas inatingíveis são o caminho mais fácil para a frustração e uma nova recaída na auto-estima.

3. Trabalhe seu auto-conhecimento questionando sobre seus valores e analisando o que é realmente importante para você. Isto vai ajudá-lo a tomar decisões e mudar atitudes.

4. Assuma seus defeitos e se aceite do jeito que você é. Não se trata de ser acomodado, pelo contrário. Tente melhorar o que for possível, mas não exagere buscando perfeição em tudo. Essa busca é infinita, e você pode estar desperdiçando tempo e esforços que poderiam ser dedicados a outras atividades mais produtivas e prazeirosas.

5. Encare o fracasso como algo normal. Aproveite-o como uma lição valiosa para encarar os novos desafios, e não como prova de incapacidade.

6. Expresse suas opiniões, desejos. Por outro lado, respeite as opiniões de outras pessoas. Respeitar não significa que você deva concordar necessariamente com elas.

7. Diversifique e amplie suas relações.

8. Pequenas atitudes podem significar muito: um telefonema, uma festa com os amigos, arrumação do quarto, etc.

Atenção:

1. Dê um passo de cada vez. Querer resolver tudo de uma vez na maioria das vezes não é uma atitude realista.

2. Não caia na tentação do álcool para esquecer os problemas e obstáculos. O melhor é enfrentá-los de forma otimista, sem subestimá-los ou, ao contrário, achar que são intransponíveis.

quarta-feira, junho 23, 2010

Amar-se


Amar-se
© Letícia Thompson

Amar-se mais, respeitar-se a si mesmo, ter cuidado consigo mesmo, pensar em si mesmo... Pode parecer uma maneira egoísta de se levar a vida, pois aprendemos que devemos pensar nos outros de maneira altruísta. Mas pensar em si mesmo não significa "pensar só em si mesmo."

No entanto, é impossível pensar em outros se não temos o mínimo de respeito e amor por nós mesmos. Se não sabemos como conduzir bem nossa própria vida, como podemos esperar ajudar outros nas suas necessidades, nas suas carências, nas suas esperanças? Se nos sentimos carentes, como ajudar outros a suprirem as próprias carências?

Quando viajamos de avião, nos avisos de segurança eles dizem que em caso de pressurização para colocarmos primeiro a máscara em nós mesmos para depois colocarmos nas crianças. É uma coisa que faz muito sentido e na vida funciona da mesma maneira.

Jesus disse para amarmos ao próximo como a nós mesmos. Uma pessoa que não se ama é incapaz de amar outra coisa ou alguém, pois o amor é algo que vem de dentro pra fora e não algo que procuramos captar do exterior.

Amar-se, sem exagero, sem uma preocupação excessiva consigo mesmo é um bem que fazemos não só a nós mesmos, mas a todos aqueles que fazem parte do nosso círculo de amigos, colegas, conhecidos. Estar ao lado de alguém que está sempre reclamando da vida, dos outros, dos próprios problemas acaba nos tirando a vontade de estar perto dessa pessoa, pois necessitamos de coisas mais alegres que constantes lamentações.

Então, pelo nosso bem, pelo bem de todos, devemos pensar um pouco mais em nós mesmos. Só podemos contaminar outras pessoas se estivermos nós mesmos contagiados com o vírus do positivismo e do bem-estar. Só podemos iluminar se a luz estiver dentro de nós, se formos portadores de coisas boas.

Assim, vivamos para os outros, mas vivamos também por nós. Com moderação, com amor e dedicação. Tudo justo, na medida exata.


segunda-feira, junho 21, 2010

Eu ouvi Deus


Eu ouvi Deus
Paulo Roberto Gaefke

Levantei chateado já pensando nos inúmeros problemas que eu tinha para resolver naquele dia, um gosto amargo na boca, dores pelo corpo e uma angústia esquisita me invadia a alma e dizia que eu não havia dormido bem.

Eu parecia uma barata tonta, não tinha idéia de "por onde começar"... Quando sai para a rua fui surpreendido por um dia maravilhoso, um sol "gostoso" iluminava um céu azul quase sem nuvens, e eu tive a impressão de que Deus queria falar comigo.

Continuei caminhando e nas árvores da praça perto de casa, dezenas de passarinhos cantavam alegres e disputavam alimentos com uma barulheira festiva, e senti que Deus queria falar comigo.

Olhei para as flores daquele Jardim e me lembrei de Jesus falando aos antigos:
"(LC 12:27) Olhai os lírios no campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam; e digo-vos que nem ainda Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.", e mais uma vez senti que Deus queria falar comigo.

Angustiado com meus problemas que pareciam ser os mesmos sempre, parecia que eu nunca iria sair daquele círculo de aflições, quando percebi que minhas pernas estavam me levando por todos os lugares que eu queria, mesmo sem eu ordenar nada...

Que meus braços eram fortes e eu poderia utilizar essa força para o trabalho, e que meu cérebro possuía ainda um raciocínio muito rápido, e mais uma vez percebi que Deus queria falar comigo.

Mais a frente, vi um menino de no máximo 3 anos, com os braçinhos esticados e nas pontas dos pés pulando para alcançar uma maçã no alto de uma árvore.

Mesmo com todo o seu esforço, empenho e alegria, eu percebi que ele nunca iria conseguir alcançar aquela maçã... E nesse momento eu ouvi Deus me falar que nós somos iguais aquela criança, na maioria dos nossos dias, colocamos nossa felicidade, nossos melhores sonhos, em lugares tão altos como aquela maçã estava para o menino... Perseguimos frutos que não estão ao nosso alcance, e desprezamos o belo, as coisas boas que a vida nos oferece e nem damos a devida atenção.

Percebi então, quanto tempo eu estava perdendo amando quem não me amava,
trabalhando onde não me sentia feliz, fazendo coisas somente para agradar quem nunca mereceu... Desejando coisas que eu nem sabia se me fariam felizes, buscando um Deus da guerra para vencer meus inimigos, quando Deus é só amor.

Então compreendi que a felicidade está onde nós estamos, onde está o nosso coração e nesse dia eu ouvi Deus.

Eu acredito em você, sempre!

quarta-feira, junho 16, 2010

A Tentação



A tentação
© Letícia Thompson

A tentação é uma prova pela qual passa nossa parte humana em grau mais ou menos elevado. Geralmente atinge nosso lado fragilizado e carente onde, por isso mesmo, existe uma brecha. Ou seja, chega nos momentos onde estamos mais vulneráveis e é preciso estarmos atentos para não cairmos nessa armadilha que nos conduzirá ou ao sofrimento ou a perdas, às vezes irreparáveis.

Elas são diferentes para cada um segundo aquilo que seu coração dá maior ou menor importância. Assim, um copo de bebida alcoólica representa uma tentação para quem está tentando parar de beber e não representa nada para uma pessoa comum. Por isso mesmo precisamos estar vigilantes com as nossas fraquezas, pontos sensíveis onde sabemos que podemos ser levados.

Não se julgue forte demais. Você nunca esteve diante de algo que foi mais forte do que suas próprias forças e que te fizeram, por um instante, se esquecer de tudo o mais? Alguma coisa assim tão forte que por um momento você tivesse perdido toda a noção de pecado, certo ou errado... Por algum instante você não pensou, você se deixou levar, sem medir conseqüências, sem pensar no depois. É como se no mundo todo só existisse você e seu desejo. Mas a realidade é cruel depois. A consciência acusa. Para alguns é suficiente esse sentimento de culpa para refletir e parar por aí. Mas para outros... A prática contínua de atos pecaminosos pode levar à idéia de que tudo é natural e sempre haverá uma desculpa, um meio de justificação para esse ato ou aquele.

Deus não nos acusa. O fato de cairmos em tentação uma vez ou outra não nos torna pessoas perdidas, desde que reconheçamos nosso erro. O que Deus não aprova são essas pessoas para as quais o pecado torna-se coisa natural e que se justificam dizendo que a vida passa muito rápida e que devemos tudo experimentar.

Se você se conhece o bastante para ter consciência das suas fraquezas e não sabe se terá forças ou não para resistir, evite passar pelo caminho. Isso se chama sabedoria. Se soubermos que existe um abismo na nossa frente, vamos nos desviar, não? É assim com a vida... Certos caminhos, certas escolhas, podem ser abismos dos quais dificilmente poderemos sair.

A felicidade plena é a paz de espírito, a sensação de bem estar com a vida, com o corpo, com a alma. Se estivermos nesse caminho, sigamos em frente. Se não... É sempre tempo de voltar e escolher uma nova direção.



sexta-feira, junho 11, 2010

Amanhã não existe



Amanhã não existe
© Letícia Thompson


As pessoas não são eternas. Pelo menos não na vida terrena. Elas apenas passam, vive o tempo que lhes é ofertado e retornam a terra.

Ninguém pode acrescentar um segundo sequer à sua vida ou à de alguém. Não temos esse poder e quando a hora chega, ela chega.

Mas preferimos não pensar nisso. Julgamos que temos todo o tempo do mundo para fazer isso ou aquilo, para recuperar o perdido, para sarar o ferido e restabelecer a paz.

Amanhã eu ligo amanhã eu faço, amanhã peço perdão, amanhã me reconcilio, amanhã... Como se pudéssemos segurar o amanhã em nossas mãos! Como se ele fosse chegar por nossa vontade e trazer tudo como ontem ou como hoje! Amanhã? Hoje é o amanhã de ontem e tudo continua na mesma, por que se espera pelo amanhã.

Cada qual tem sua história e suas histórias. Cada qual sua cruz e suas dores, suas alegrias, seus lamentos, seus dissabores, seus ganhos e perdas. É o que nos forma como pessoas, que nos dá a impressão de existir, de fazer parte do universo. E há, assim, como com milhares de outros, relacionamentos quebrados, porque um dia alguém feriu e foi ferido.

Quando isso acontece, construímos em volta do nosso coração um muro, uma barreira que o outro não pode atravessar. Sentimos-nos tão importantes com isso que nem percebemos que esse muro impede o outro de entrar, mas nos impede, a nós, de sair. Tornamos-nos prisioneiros, aprisionados das nossas idéias e nossas mágoas. Não estendemos a mão e recusamos a do outro, caso nos estenda.

Enquanto isso, a vida continua. Não damos, talvez para punir e não recebemos como punição que nos infligimos a nós mesmos, inconscientemente.

Vamos deixar para amanhã para resolver isso, porque hoje estamos magoados demais, não conseguimos perdoar e não queremos dar o braço a torcer, afinal, não erramos. E eu diria como Cristo, quem nunca errou que atire a primeira pedra!

Amanhã não existe. O amanhã, só o conhece quando o sol nasce e que o Senhor nos dá aquele dia a mais. E todo mundo não chega lá. Não podemos afirmar que estaremos ainda aqui, porque a vida é imprevisível, às vezes temos o sentimento que é mesmo cruel.

Se o hoje nos é ofertado, por que não viver sem grades e sem muros, em comunhão com o mundo e com Deus? O orgulho? Olhe para ele de cara feia e diga: eu quero é ser feliz e se eu quero, eu vou ser feliz!

Muros nos impedem de abraçar, de sentir o calor ou as batidas do coração do outro. Impedem-nos de dar e de receber, nos transformam em pessoas separadas e isoladas.

Destrua, então, com coragem, dessa que só os grandes possuem esse muro em volta do seu coração e volte a abraçar. Perdoe, mesmo se perdão não foi solicitado, porque cada qual deve dar conta da sua vida a Deus e a outra pessoa responderá por si mesma.

Liberte-se, porque se o amanhã não vier para a outra pessoa, você terá que aprender a conviver com seu coração fechado e terá perdido os melhores anos da sua vida.


terça-feira, junho 08, 2010

Depressão



A depressão
© Letícia Thompson

Quando se olha o mundo de fora é muito fácil dizer o que se deve fazer, como e até quando. Achamos soluções para todo mundo, desde que não estejamos envolvidos. É fácil falar da dor que não sentimos, do amor que não perdemos, dos problemas que não temos e da vida que não vivemos. Somos assim muito sábios quando o espinho não está em nós!...

Os altos e baixos são comuns a todo mundo. Ninguém vive em linha reta. E há pessoas que suportam mais facilmente as subidas e descidas da vida que outras, como umas pegam certas doenças e outras não. Há coisas que não se controla, pois se tivéssemos escolha, optaríamos sempre por uma vida sã.

A depressão é uma doença como uma outra não um capricho de quem deseja mais do que a vida pode oferecer. Só quem passou ou passa por isso sabe entender o que é. E como toda doença, deve ser reconhecida, entendida e tratada como tal. Infelizmente todo mundo não está preparado para ajudar em casos assim e tentam resolver os problemas mostrando que há pessoas mais infelizes. Contudo, não é possível minimizar a dor de ninguém, fazendo-o comparar sua infelicidade com as misérias do mundo. Ninguém pode se sentir melhor porque do lado de fora há mais sofrimento. Se fosse assim, seria fácil ir dormir feliz a cada dia, bastando assistir ou ler jornais.

É claro que muitas vezes vemos uma coisa triste e pensamos no quanto somos abençoados por não vivermos aquilo. Isso é normal para todo mundo, nos faz refletir sobre a realidade da vida. Mas se passamos nossa vida com comparações não vamos a lugar nenhum, pois sempre haverá parâmetros diferentes e acabaremos nos sentindo perdidos.

Precisamos respeitar a dor e sentimento do outro, como respeitamos os limites do seu jardim. Cada vida é única, é própria. Podemos ajudar uma pessoa depressiva mostrando-lhe o lado belo da vida, dando-lhe razões para olhar além do horizonte, criar objetivos e acreditar neles. Podemos tirá-la do isolamento em que se encontra dando-lhe palavras de reconforto e amizade, fazendo-a sentir-se amada e útil. Dizer a um depressivo que seus problemas são mínimos porque há coisas piores na vida não o fará sentir-se melhor.

Quando Jesus se referiu à pessoas com problemas e ansiedades, mandou que olhassem os lírios dos campos e as aves no céu e se repousassem, apontou para coisas bonitas e alegres, nunca disse para olharem os necessitados. E Ele teve, também, Seu momento de dor, tristeza e lágrima, como todo ser humano.

As soluções para os problemas começam com o reconhecimento deles. Ter amigos que possam compreender já é um passo na direção da cura. A compreensão da dor do outro leva-lhe segurança. E, segura, uma pessoa poderá se levantar e recomeçar seu caminho, com toda ajuda que ela deve ter.

Depressão? Uma doença sim. E médicos são úteis. Amigos são preciosos. Orações são imprescindíveis.

sexta-feira, junho 04, 2010

Amigos



Amigos loucos e sérios
(Marcos Lara Resende)

Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

quarta-feira, junho 02, 2010

A difícil arte da paciência



A difícil arte da paciência
© Letícia Thompson

Ai, que esperar cansa! E causa desânimo! E pré-ocupa nossas mentes.

Por que preocupar tem sempre uma conotação negativa, se na realidade significa ocupar com antecipação? Deve ser por causa dessa nossa mania de que quando devemos pré-ocupar nossa cabeça, já pré-ocupamos com problemas, tragédias, coisas ruins. Alguns, mais sábios, pré-ocupam com sonhos, mas nem mesmo chamam isso de preocupação.

Sabemos perfeitamente como funciona a vida e que precisamos saber esperar o que não temos controle. Mesmo as flores esperam sua hora de desabrochar.

E pra vida não queremos esperar. Queremos desejar e no minuto seguinte ver o resultado, como se não fosse preciso à maturação dos nossos desejos. Trazemos para nós, antecipadamente e muitas vezes inutilmente, doenças físicas e espirituais.

Muitas vezes pegamos um atalho e chegamos mais rápido, mas com isso perdemos muito da beleza do caminho. Chegamos mais cedo sim, mas de certa forma alguma coisa ficou faltando. Não é assim com as crianças e adolescentes que vivem cedo demais à vida adulta?

Se colhermos uma flor em botão, impedimos a ela e a nós a sua plenitude.

Mas que é difícil ser paciente, isso é! Há horas em que queremos pegar o relógio do tempo e girar os ponteiros com nossas mãos para que o dia seguinte chegue logo; queremos dormir muito para não ver as horas se desfilando graciosamente diante dos nossos olhos; queremos pensar em outras coisas, mas não conseguimos.

Sacrificamos, dessa forma, nosso presente, por um futuro desconhecido, que nem sempre será de acordo com o que pensamos.

Pessoas que esperam por um dia feliz jogam fora a felicidade do presente com a ansiedade do amanhã.

Pior é quando esperamos pelo resultado de um exame com probabilidades negativas. Aí então, nosso hoje fica realmente perdido. Choramos antes, temos dores de cabeça antes, não dormimos antes... O presente torna-se não somente inútil, mas quase insuportável. Não temos, infelizmente, essa capacidade gloriosa de nos dizer: "deixa para eu sofrer para quando souber do resultado definitivo e se não for o que se espera, não sofri por nada."

Se há um tempo para todas as coisas, deixemos então que cada coisa chegue à sua vez. Vamos abraçando-as uma a uma à medida que chegam até nós, vivendo o minuto presente que é a graça diária que Deus nos oferece.

Aprender a paciência é uma arte, provavelmente a mais difícil de todas. Ela exige muito de nós, exige autocontrole, exige determinação.

Viva o hoje! Viva a hora de agora! O amanhã pode tanto esperar por você quanto você espera por ele.