O PODER DA GENTILEZA
Delicadeza, amabilidade, cortesia, compaixão...
Sentimentos bons nunca saem de moda e deixam à vida de todos indiscutivelmente melhor
Você sente que sua vida falta um pouco mais de alegria? Pois sabia que pequenos gestos podem provocar grandes transformações. Estudos mostram que gentileza traz felicidade a quem pratica. Em um estudo da Universidade da Califórnia, a psicóloga Sonja Lyubomirsky pediu aos participantes que praticassem ações gentis durante dez semanas. Todos registraram aumento na felicidade durante o estudo.
Os que praticaram ações variadas, atitudes simples do dia a dia, como se oferecer para ajudar a lavar a louça, fazer elogios ou segurar a porta aberta para um estranho passar, registram níveis mais altos e duradouros de felicidade, em comparação com quem repetiu sempre a mesma atitude indiferente aos outros.
“Quando somos empáticos, tendemos a nos colocar no lugar da outra pessoa, a ver o outro como um ser humano como nós: com sonhos, problemas, necessidades, dúvidas, medos, qualidades, defeitos, etc. Ser gentil é antes de tudo ser capaz de perceber as necessidades dos outros. Quando dizemos ‘bom dia’ a alguém, estamos não apenas sendo corteses, mas também estamos atendendo a uma necessidade humana de ser visto, percebido por seus iguais. Quem tem a consciência de que há necessidades humanas comuns a todos nós consegue ser gentil”. Defende Angelita Corrêa Scardua, psicóloga, mestre da USP/SP, especializada em Felicidade e Desenvolvimento Adulto.
SOBREVIVÊNCIA DO MAIS GENTIL
Uma teoria publicada pelo professor San Bowles, do Instituto Santa Fé (nos Estados Unidos), chamada de “sobrevivência do mais gentil”, afirma que a espécie humana sobreviveu graças à gentileza. Segundo Bowles, os grupos altruístas cooperam e colaboram mais para o bem-estar do próximo e da comunidade, a fim de garantir a sobrevivência.
“Acredito que a gentileza tem o poder de mudar o mundo interno e externo dos seres humanos. Ser gentil pode ser uma filosofia de vida que considera o outro como um ser merecedor de sua atenção, pois é composto de sentimentos semelhantes ao seu. Mas, no entanto, para ser gentil, eu preciso estar bem comigo mesmo. Do contrário, não conseguirei externar as atitudes benéficas que compõem a gentileza. Ser gentil é não se deixar levado pelo impulso, pelo mau humor alheio, é não ser reativo e sim manter ma postura que pode alcançar uma atmosfera de paz interior e exterior. Ser gentil é ser educado, é ter respeito por aqueles que cruzam o nosso caminho. Gentileza nunca é demais”, defende Messias de Oliveira, psicólogo da Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR).
SER OU NÃO SER
É difícil medir se estamos mais ou menos gentis que os nossos antepassados, mas a verdade é que muitas pessoas acabam segurando seus impulsos com medo de estar trocando o campo da gentileza pelo da bondade excessiva, a famosa expressão “fazer papel de bobo”. “Isso só ocorre quando nos sujeitamos a querer ser sempre perfeitos, certinhos e bonzinhos. Nesses papéis, tendemos a nos esforçar para satisfazer os interesses alheios, e isso não tem nada a ver com gentil. Ser gentil tem a ver com respeito e consideração por nós mesmos e pelos outros!”, acrescenta Angelita.
O psicólogo Messias sofreu um acidente aos 14 anos e ficou tetraplégico. A experiência que poderia deixá-lo amargurado, pelo contrário, mostrou novas possibilidades e ele descobriu que de fato gentileza gera gentileza e ninguém precisa ter medo ou vergonha de fazer o bem. “Deparei-me com minha fragilidade, quando de repente as coisas básicas se tornaram tão distantes do meu alcance, pois meu corpo, que tanto valorizava pelo seu vigor físico, não mais atendia a meus desejos após o evento traumático pelo qual passei. E foi aí que encontrei pessoas que não me conheciam, mas que mostraram um carinho que invadiu minha alma e comecei a acreditar que o amor é o melhor caminho e que eu nunca poderia perder a chance de expressar um sorriso, uma palavra amiga, um olhar solidário, um ato gentil, para quem porventura precisasse. Procurando ser gentil, consegui transformar ambientes hostis em lugares onde me sentia em paz, porque não me deixei levar por algumas ações ruins de algumas pessoas. Mostrei a elas, e a mim mesmo, que a amizade só faz bem”, finaliza Messias.
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