terça-feira, fevereiro 24, 2009

Boa mãe


A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária....
(Texto de Marcia Neder)


"A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo."
Varias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase e ela sempre me soou estranha. Até agora. Agora que minha filha adolescente, aos quase 18 anos, começa a dar vôos-solo. Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria debaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha interna hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta pra controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara. Se eu fiz o trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.

Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar o que significa isso. Ser "desnecessária" é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical...

A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida.

Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeça o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.

Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao “aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles “decidirem atracar.”



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