O que é a aversão ao compromisso?
Pesquisadores suecos afirmam que uma alteração genética pode
ser a causa do problema, nos homens.
Por Carolina Werneck
Sabe aquele cara com quem você
saiu algumas vezes e que depois, quando a relação começou a apresentar sinais
de um compromisso mais sério, pareceu simplesmente ter se desintegrado na
atmosfera? Pare de sentir ódio por ele. O coitadinho pode ser portador de uma
alteração genética que o impede de assumir compromissos amorosos.
Brincadeiras à parte, um grupo de
pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, descobriu o que pode ser (em
partes) a explicação para o pânico que alguns homens parecem sentir de
assumirem uma relação séria. Alterações no gene AVPR1A seriam responsáveis por
uma predisposição de seus portadores a manter apenas relacionamentos
esporádicos e fugazes, sentindo-se aprisionados quando em uma relação
monogâmica.
O estudo, liderado pelo jovem
pesquisador Hasse Walum, foi publicado na revista norte-americana Proceedings
of the National Academy of Sciences e demonstra que esse gene funciona, entre
outras coisas, auxiliando o corpo a regular os níveis de vasopressina no
cérebro. Esta substância está associada à agressividade masculina, bem como à
capacidade de desenvolver laços emocionais ou afetivos.
O método de realização da
pesquisa foi entrevistar um total de 552 pares de gêmeos, com idades entre 37 e
64 anos, que dividissem a casa com uma mulher. Os pesquisadores detectaram
mutações no AVPR1A em 220 do total de voluntários.
Este grupo se declarava mais
infeliz dentro do relacionamento do que aqueles que não apresentavam alterações
no gene. Cerca de 50% dos portadores afirmaram pensar em terminar a relação.
Destes, 48% não se consideravam casados.
Lembre-se que todos os
entrevistados viviam com uma mulher, o que demonstra o quanto a tendência à
poligamia aumenta nos portadores da mutação. Entre aqueles homens que não a possuía,
o índice caiu para meros 17%.
Apesar das evidências genéticas
apontadas pelo estudo sueco, o maior fator determinante da dificuldade em
assumir compromissos ainda é a cultura familiar e o ambiente em que o homem foi
criado. Algumas pessoas, por terem presenciado discussões ou situações
embaraçosas ocorridas entre os pais durante a infância e adolescência, acabam realmente
traumatizadas e, ao se tornarem adultas, passam a afastar compromissos que
possam conduzir ao matrimônio.
Os valores passados ao homem ao
longo da vida também são determinantes quando ele precisa decidir entrar ou não
em um relacionamento sério. Algumas pesquisas, neste sentido, demonstram que
fatores externos são capazes de ativar ou desativar a influência dos genes na
personalidade humana. O nome deste novo tipo de ciência é “epigenética”, um
ramo que promete de decifrar a influência do meio sobre a genética de cada
indivíduo.
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